Três anos é muito tempo. São 1.095 dias; às vezes, 1.096. E tantas horas. O que pode acontecer entre uma e outra? Não tenho espaço para discorrer. Então penso nas vidas que surgem, e nas que morrem, nesse espaço infinito de tempo. Quantas vezes morri em três anos? Quantas vezes nasci? Não é fácil dimensionar o tempo. Já pensei ter ele apenas uma... enganei-me. Mas agora você diz três anos e eu me pergunto: o que serão três anos para você?
Três anos é pouco tempo. Eu ainda serei o mesmo. Talvez com menos cabelo e mais dinheiro, mas ainda terei sonhos que fiz no passado. Ou quaisquer três anos que sejam não seriam o suficiente para mudar. Já foram muitos três anos, tantos; da maioria mal consigo lembrar. Porque a existência se alonga; na falta de extremos, qualquer intervalo perde seu valor... Quem dirá três anos...
Acho que ainda sou inocente. Eu achei que fosse sobre mim. Então retornei três anos e me vi perdido em um ponto onde ainda não existia. Foi então que percebi meu erro: você se referia ao futuro. Três curtos longos anos ao devenir. Talvez você já conheça bem essa minha mania de me prender ao passado. Então me prendi a mim: eu sou o passado. E ele não.
Por isso - acredito - que me descreditava. Não sou um homem - você pensou - que nasceu para viver os dias, mas para apenas registrá-los. Como afinal ter uma vida com uma assombração constante de fatos cada dia mais numerosos, cada dia mais penosos. Isso não é vida - você concluiu. Não há razão em sofrer pelo que já passou. Nesse cenário, o arrependimento perde todo seu sentido e assim se constrói a sua lógica, sua filosofia diária, que cultiva com tanto amor.
Mero engano... falsa representação. Como explicar então minha sede por um futuro diverso, minha luta diária para construir um vida que ainda está por vir. Eu sou um homem do passado, é verdade, mas isso faz de mim um homem do presente e do futuro também. O historiador não estuda o passado como um objeto abstrato, um vulto sobre cuja materialidade não há consenso. Ele sabe muito bem que o passado esteve um dia aqui e é uma mera limitação fisiológica que não nos permite tocá-lo. Ele sabe também o que está por vir. Sabe que seu objeto se renova a cada dia, porque a cada dia, 24 horas somam-se ao universo que ele quer explorar. Mas, acima de tudo, ele enxerga que esses três entes cronológicos são no fundo meras construções intercaláveis e perfeitamente calculáveis. E que são mero engano... falsa representação.
Eu sinto muito em revelar esse segredo. E estou ciente dos argumentos que irá levantar. Eu também acredito na mudança, mas sei também que é a permanência que domina o homem. Sei que houve uma troca, e outra troca ocorrerá. Eu mesmo já a pratiquei diversas vezes. Até aí, nada de novo. Queremos - quis, quer - desesparamente acreditar que a mudança é possível, mas, finalmente um dia, perebemos que estamos no exato mesmo lugar. Porque três anos não existem, seja para o eu-passado ou para o outro-futuro.
Três anos é pouco tempo. Eu ainda serei o mesmo. Talvez com menos cabelo e mais dinheiro, mas ainda terei sonhos que fiz no passado. Ou quaisquer três anos que sejam não seriam o suficiente para mudar. Já foram muitos três anos, tantos; da maioria mal consigo lembrar. Porque a existência se alonga; na falta de extremos, qualquer intervalo perde seu valor... Quem dirá três anos...
Acho que ainda sou inocente. Eu achei que fosse sobre mim. Então retornei três anos e me vi perdido em um ponto onde ainda não existia. Foi então que percebi meu erro: você se referia ao futuro. Três curtos longos anos ao devenir. Talvez você já conheça bem essa minha mania de me prender ao passado. Então me prendi a mim: eu sou o passado. E ele não.
Por isso - acredito - que me descreditava. Não sou um homem - você pensou - que nasceu para viver os dias, mas para apenas registrá-los. Como afinal ter uma vida com uma assombração constante de fatos cada dia mais numerosos, cada dia mais penosos. Isso não é vida - você concluiu. Não há razão em sofrer pelo que já passou. Nesse cenário, o arrependimento perde todo seu sentido e assim se constrói a sua lógica, sua filosofia diária, que cultiva com tanto amor.
Mero engano... falsa representação. Como explicar então minha sede por um futuro diverso, minha luta diária para construir um vida que ainda está por vir. Eu sou um homem do passado, é verdade, mas isso faz de mim um homem do presente e do futuro também. O historiador não estuda o passado como um objeto abstrato, um vulto sobre cuja materialidade não há consenso. Ele sabe muito bem que o passado esteve um dia aqui e é uma mera limitação fisiológica que não nos permite tocá-lo. Ele sabe também o que está por vir. Sabe que seu objeto se renova a cada dia, porque a cada dia, 24 horas somam-se ao universo que ele quer explorar. Mas, acima de tudo, ele enxerga que esses três entes cronológicos são no fundo meras construções intercaláveis e perfeitamente calculáveis. E que são mero engano... falsa representação.
Eu sinto muito em revelar esse segredo. E estou ciente dos argumentos que irá levantar. Eu também acredito na mudança, mas sei também que é a permanência que domina o homem. Sei que houve uma troca, e outra troca ocorrerá. Eu mesmo já a pratiquei diversas vezes. Até aí, nada de novo. Queremos - quis, quer - desesparamente acreditar que a mudança é possível, mas, finalmente um dia, perebemos que estamos no exato mesmo lugar. Porque três anos não existem, seja para o eu-passado ou para o outro-futuro.
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