segunda-feira, 23 de setembro de 2013

No mar

Queria tanto um carinho. Um abraço. Queria um sonho. Queria ser amado. Faz tanto tempo que não me sinto assim. Se já me senti assim... Talvez por isso transbordo essa carência enjoada; esse desejo suado e mal olhado; esse jeito coitado de não ser feliz. 

Então me pergunto de onde vem esse amor inventado. E por quem? Quem me ensinou a querer; a precisar. E o que preciso inventar para tampar essa dor que não cessa. Esses dias de espera pelo que um dia não sou.

Pois se hoje é você, foi você, é aquele, foram muitos. E hoje depois esperarei pelo outro; quem esse outro que não habita em mim? Ninguém.... ninguém.... 

Coitados de nós que inventamos farras, passados, judeus, bebidas, escrituras e televisão. Feliz de nós que gozamos, sorrimos, cantamos, e, em doce vingança, nos jogamos no mar. É para lá que eu vou... é para lá que eu vou; e não tenho que aproveitar, mas, se não aproveitar...

Então mato filipe, felipe, filipe, daniel. Mato elimar, carlos, celso. Mato bruno, patrick, pedro. Mato guto. Mato marcus. E mato aqueles que nem me fizeram sonhar. Mato todos. E me jogo depois no mar.

Mato pai, mato mãe, mato irmã, mato irmã. Mato avô, avó, sobrinha e tio. Mato primo... um, dois, tantos. Mato todos; e me jogo no mar.

Mato ester. Até ester? Até ester. E mato todos. E me jogo no mar.

E, quando acordar, amarei todos. De novo. E esse amor inventado novamente irá se inventar.





  

sábado, 21 de setembro de 2013

A dor

Hoje, quando acordei, eu tive um sonho. Desejei um abraço e um sorriso. Então, quando o vi de perto, estremeci. E comecei a chorar. Havia tanto tempo que não chorava. E por que estou chorando? - pensei. Por que possuo esse signo de tristeza, se a esperança é em termos fonte de alegria? 
Então percebi que era o medo. O pânico. O nó no estômago. Perder aquilo que ainda não chegou. Perder aquilo que já não posso recuperar. Chorava afinal porque a vida me ensinou que o que amo vai embora. E o que sou eventualmente deixa de ser.
Foi assim no começo. Foi assim na metade. E o fim que me aguarda aguardarei. E direi que nunca tive. E, logo depois, foi quando perdi.
A dor.



A dor

Há uma dor que brota em mim a cada dia,
com a qual ando aprendendo a lidar.

É difícil às vezes saber o que é sucesso,
e o que é ilusão.

Então pode ser que eu finja amor;
que eu invente amor;
e que eu pergunte
se há outra forma de amar.

Há a dor de perdê-la; de libertar-se.
E a dor de chegar perto e ver que nada mudou.

Há afinal esperança
de que o retorno se torne começo;
e floresça liberto
enfim.