terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A invenção da taxonomia

Volta e meia ouço algum comentário, ou leio algum texto, sobre o quão difícil pode ser dizer algumas palavras. Sobre o quanto dói, o quanto inibe, o quanto assusta a expressão. Eu concordo. Não concordo, contudo, sobre exatamente quais seriam essas frases tão árduas de se pronunciar. Isso porque quando ouço esses comentários, ou leio esses textos, normalmente seus autores fazem referências a declarações de amor, ou confissões de erros, ou grandes segredos que por muito permaneceram enterrados.
Posso até entender esse posicionamento. Mas, para mim, esses nunca foram grandes problemas ou, se o foram, certamente não eram os maiores. Não é fácil às vezes dizer que se ama, que se odeia, que errou... mas, quase sempre, fazê-lo é inevitável, ou mesmo extremamente gratificamente.
Na minha vida, por outro lado, o mais duro tem sido enxergar o cinza. Admitir que o amor e o ódio, a raiva e a paz, o bom e o ruim, e quaisquer outras impressões que há em mim são apenas isso: impressões. Porque o que me mais dói é lidar com um amor que não consigo controlar e saber que odeio o que não é fundamentalmente mau. É engraçado pensar que, quando Aristóteles ensinou-nos a classificar, ele tornou a vida inocente, tolerável e demasiadamente injusta.
Então, quando hoje acordei e percebi que o homem que quebrou meu coração foi bom para mim, eu vivi um desses momentos. Um desses difíceis momentos que talvez jamais conseguirei completar. Escrever este texto talvez seja parte dessa árdua tarefa, embora - ou porque - não acredite que chegará em suas mãos em algum momento do futuro. E o dia em que olharia em seus olhos e diria obrigado não é, de fato, imaginável.

domingo, 15 de janeiro de 2012

O fantasma

Já faz um tempo que tento a distância, que apaguei as evidências, que disse a mim mesmo que devo esperar.
Já faz um tempo que não sorrio com tanta frequência, ou tão espontaneamente. Que eu faço as vezes de quem precisa lutar.
E quanto mais passam os meses, e chegam os anos, e a vida acontece... mais eu me sinto refém da espera, da esperança que há de acabar.
Certamente esbarrar com você na rua não ajudou. Lembrar que você é pessoa e não apenas um fantasma em minha imaginação.
Então eu faço de conta que está tudo bem, e prossigo. E desmorono a cada passo porque já não sei fingir.
E você tão de longe, e tão de perto. E tão ausente, porque sei que o fantasma é só meu, que apenas eu sou assombrado.
Então desmorono a cada passo, porque já não acredito em esperar. O tempo acabou, e eu acabei.

domingo, 8 de janeiro de 2012

One day.

It is such strong a sentence... so liberating... and so frightening...
and every time I hear it I feel heavy... so heavy... as if I could no long stand upright.

And so I imagine when it will be... when I will gather myself around my dreams
and make them not only so.

It is hard to think of a future when you heart is broken and you feel as tough it may not be healed.

So... will I one day be healed? In the same way she says it in the sentece I keep repeating to myself.

One day I will be healed.