quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O barco

Eu poderia usar o indefinido infinito como conforto
ou mesmo começar a contar os dias em reverso...
nada irá mudar.

Porque os novos apetrechos são detalhes
e não consigo preencher-me.
Vigora o tempo e agora
cabe-me apenas esperar.

Eu poderia dizer que é minha escolha
ou torná-lo como tal
mas o que são escolhas em um mar aberto
onde todo lado é um destino a esquivar?

Então eu lembro do passado que abraço
e deixo o barco à deriva
não há caso que almejo
ou se almejo, não o vejo prosperar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Wonder

Once I talked about an event that symbolised our relationship; today, I will speak of another. It was the day you didn't attend a family gathering with me (there were countless, I'm sure you remember that). In that specific event, we had just moved to my new appartment and things weren't going particuliarly well. All night long, during the party, I would stare at some point on the wall, and imagine how I'd feel when I'd get home and not find you there. I was in a way preparing myself for it; for it would not be easy.
It was around midnight when I returned. I opened the door, went to the bedroom and saw you sleeping on the bed. I gathered the little energy I had left, sat on the bed and started to cry: silently, softly and uncontrollably. Then you woke up, looked at me and asked what was wrong. And I replied: "I thought you'd be gone". I am sure on that moment you thought something like 'not just yet'. And the yet would come so soon after that.
So that's the moment I choose. I am still here, sitting on the same bed, gathering the little energy I have left, crying silently, softly and uncontrollably... and still wondering when you will be gone.

sábado, 17 de setembro de 2011

O voo

Já são meses que nos separam
como se anos não fossem
na esperança de que
finalmente sinta assim.

Mas a verdade é que o tempo não passa
quando o pensamento é um só.
E quanto mais tento fugir
mais sei estar em lugar nenhum.

Então deixarei os anos serem anos
porque o fim não é misterioso:
revelou-se no dia que olhei em seus olhos
e soube que seria sempre seu.

Pois é esse o destino que escolhi:
amar você até o fim
apesar de não ser você
que no fim estará comigo.

E poderia até dizer que vivo
como o último voo
de quem jamais saiu do chão.
Não é bem assim...

Não foi um voo que partihei com você.
No fundo, eu sei que nunca esteve lá.

Na verdade, vivo
como o erro redundante
e recorrente
que insiste e insisto
em evitar.