segunda-feira, 30 de maio de 2011

Read My Mind

I scream aloud
as I wait for your response
That is not coming
That I can’t provide
But why do I insist
If I know that you ain’t right
If I know that your words
will crash me as I hide
And why can’t I just find God?

You wanted your script
To be written so fast
How could you imagine
There was nothing I could do
And if you have the right to
Having me shut up
I’ll keep my mouth
The way you never had it before
And why can’t I just be quiet?

You make my sins seem worst
Flaws you never had
You are so intense
When you want to make me fail
I know what I do
I know why they complain
And you never need to point
That same old past again
And why can’t I just forget?

I had your life
in my hands during a while
Why was I so kind
to let you go from my domain
And you use and abuse
from the things you had the chance to get
But I swear to God
you will never see my thunder face again
And why can’t I just lie to you?

You make me feel
like an ugly scar
But you never realised
the ugly thing you are
I look into your eyes
and hate is all I send
We grow apart each day
As I grow out of my growing pains
And why can’t you just read my mind?

I could be too nice
I could be just like you
but I don’t believe things
are as great as I planned
I know I lost you
and I know I will always lose
but will you ever see
that I was brought up by you?
And why can’t you just read my mind?

(23/04/2002)

domingo, 29 de maio de 2011

De Civitate Dei

Em 410, Roma sofreu um grande ataque pelos Visigodos, deixando a cidade em um estado de choque. Sua população, aterrorizada pelo evento, lutava não apenas para seguir a vida, mas também para compreender o que levara os ceús a os castigar tão severamente. Um baque dessa magnitude seria mais do que suficiente para abalar a fé da récem-instituída religião oficial do Estado. Pouco antes, o cristianismo era uma dentre muitas religiões que poderiam ter prosperado, e seu domínio não o era sem resistência.

Mas o cristianismo foi salvo, como todos sabemos. Em grande medida, um de seus salvadores foi Agostinho de Hipona com sua obra cidade de deus. Como ele fez isso? A princípio, a solução mais óbvia seria reverter o quadro de crise romana e mostrar aos cristãos que deus estava a seu lado. A despeito de sua obviedade, essa solução era certamente a mais trabalhosa. Assim, ao invés de mudar o mundo, Agostinho decidira mudar deus. Ou ainda, separar o mundo (dos homens) de deus.

Agostinho foi tão sucedido porque percebera que a realidade era percepção. O cristianismo estava em crise, porque se percebia o mundo como o mundo de deus. Essa era uma opção; ele oferecera outra. Ao escrever seu livro, Agostinho estabeleceu uma doutrina nova, em que criava um novo mundo, em que criava uma nova percepção. Deus não era mais o senhor da vida terrena, mas apenas o senhor da vida espiritual. Mesmo que não tenha sido o primeiro que separou o corpo do espírito, ele foi o primeiro a dizer que deus só reinava sobre o espírito, tirando assim qualquer responsabilidade divina sobre os acontecimentos seculares. O grande ataque contra Roma não era mais uma obra de deus, mas uma obra dos homens. A fé não estaria mais abalada e o cristianismo pôde então prosperar.

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Eu pensei nessa história diante de sua aparentemente crescente espiritualidade. Eu me pergunto em qual posição você se coloca. Seria para você afinal o reino dos espíritos um mundo à parte ou as regras são as mesmas seja em qual plano estiver. Eu sei que para você existe o espírito, então estou tomando isso como premissa. Mas a existência do espírito por si só não torna seu discurso coerente. Justifico esse pequeno texto por uma frase que você falou. Novamente retraço os eventos à nossa última - e tão lamentável - conversa. Você fez uma sugestão [sic] de que talvez eu devesse procurar algum tipo de conformo espiritual; afirmou que estava encontrando a paz.

Por um lado, você nega veementemente a cidade de deus. Em tantos momentos, você aplica regras de deus aos homens, e vice-versa. Você reza para que deus ilumine seu caminho. Você escreve como se seus sentimentos fossem obras espirituais. Você, de fato, coloca-se lado a lado ao mítico. Deus ganha graças humanas e você ganha graças divinas. Você diz que a sua existência é um presente, em um jogo de retórica, na tentativa de não desacreditar.

Mas, por outro lado, você afirma categoricamente a cidade de deus. Foi assim que você me descartou. Você estabeleceu que os erros dos homens são apenas dos homens e, por isso, nos céus esse erro não há de prosperar. Você negou o perdão e o arrependimento porque eles são meros acontecimentos terrenos. Eu fui afinal o seu ataque contra Roma. Fui um desastre e, mesmo assim, a sua fé conservou-se.

Eu sei que esse seu paradoxo é, no fundo, mera manifestação de seus medos. E de sua conveniência. É difícil viver como a grande vítima... ou como o grande vilão. Mas está tudo bem. Ainda há muito por vir... e pouco por vir. Seja qual for sua percepção, ou minha percepção, são apenas isso. A cidade de deus continuará no papel, mesmo que seja na cidade dos homens onde você me colocou.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O monstro

Esta é a primeira vez que estou lhe dirigindo a palavra. Já fiz referências, mas o discurso direto parece agora apropriado. O motivo pelo qual o estou fazendo talvez não seja tão óbvio, por isso devo explicar-me: é uma mera tentativa desesperada de fazer cessar a dor. Eu tenho essa mania estranha de querer ser ouvido, mas nem sempre encontro alguém para me escutar. Por vezes, a escuta é interdita. O papel (mesmo o digital), por outro lado, é extremamente acolhedor nesse sentido. Ele não se evade porque está cansado, ou tem algo pendente a fazer. Parece-me também muito mais saudável do que efetivamente escrever para você, já que escrevo para me sentir melhor, mesmo que por um curto tempo. Se você de fato lesse o que tenho para dizer, alteraria o rumo de seu caminho, e não posso fazer isso novamente.

Eu imagino que faça algumas suposições sobre mim. Ou se isso não aconteceu ainda, talvez ocorra um pouco mais para frente. Eu fiz algumas a seu respeito, parcialmente porque tenho de ocupar meus dias, ou simplesmente porque não tenho outra opção. Primeiramente, queria dizer que não o odeio. O pouco que sei de você me diz que talvez até gostaria de conhecê-lo, caso não fossem as atuais circunstâncias. Foi há pouco dias, entretanto, que soube de sua idade. Devo dizer que isso me assustou um pouco - ou apenas me surpreendeu. Na verdade, é um indício a mais que me convenceu de que não fui trocado. O que é, por sua vez, um indicativo de quem não tenho motivos para o odiar. Eu não acho que sejamos parecidos, embora o olhar desatento pudesse encontrar algum tipo de semelhança no modo de encararmos a vida. Mas tenho a certeza de que temos vidas completamentes distintas e, mesmo que não seja necessariamente o caso, o encaramento há de ser diverso também.

Certamente a maior parte de meus pensamentos dirigem-se à comparação. Não entre nós dois - como expliquei -, mas entre a relação que ambos iniciamos. E meus pensamentos geralmente se concentram justamente em tentar revelar se ela é, de fato, a mesma. Há muitas motivos para pensar que sim. E muitos que indicam o sentido oposto. E, entre todas minhas dúvidas, talvez a maior seja saber se ele o ama. Não dizer que ama... isso eu sei que ele faz. Mas amor sentido. Eu nunca me senti amado por ele. Eu me lembro da primeira vez que fui a Guarapari depois que começamos a namorar. Foi logo na semana seguinte depois que ele veio aqui. Era um sábado e eu peguei o ônibus. Dois, na verdade. Talvez tenha demorado umas duas horas entre as caminhadas e as trocas de condução. Eu cheguei ao apartamento e ele não estava ainda lá. Liguei e algum tempo depois ele apareceu. Passamos a tarde juntos e, quando era por volta de cinco horas, ele disse que iria para casa. Eu não entendi. Para mim, estava implicitamente combinado que passaríamos a noite juntos. Eu perguntei por que ele não iria ficar. Ele explicou algo com poucas palavras sobre a família, o que eu sinceramente não entendi, ou acreditei. Só me recordo que a viagem de volta foi um dos momentos mais tristes por que já passei. Eu sentia tanto sua falta e a indiferença rasgava meu coração.

Eu acho que esse episódio no início de nossa relação traduziu - ou produziu - muito bem tudo que estava por vir. Eu sempre sofri o mal da grande indiferença. Por vezes, chego a pensar que esse comportamento beirava o sadismo (outras vezes, tenho certeza). Então eu penso agora em como ele é com você. Ele fala bonitas palavras ou uma ofensa disfarçada de verdade inevitável está sempre à disposição? Ele convida você para ir à sua casa ou há sempre uma desculpa para separar o seu mundo do seu mundo e evitar a invasão? Ele se comove quando você faz algum ato de amor ou recebe cada doação como se fosse retórica? Talvez ele tenha mudado. Mas, no fundo, isso não faria muito sentido. Porque o próprio ato de achar que se pode trocar um amor por outro, descartar um amor por outro, é sádico em definitivo. E se é isso que ele faz agora, como imaginar que a maldade se foi? Da última vez que conversei com ele - vocês já estavam juntos -, ele repetiu aquele discurso desgraçado de que desculpas são sempre inúteis. Eu sempre o ressenti por isso. Talvez até tenho o odiado. Talvez o faça agora. Porque tudo de que eu precisava eram essas desculpas inúteis que jamais recebi.

É possível também que ele goste de você. E, assim, não o trate da mesma forma como o fez comigo. Nesse caso, talvez vocês sejam bastante felizes. Mas eu não acho esse um cenário muito provável. Não por você. No fundo, eu sei que poderia ser qualquer pessoa: um final feliz simplesmente não combinaria com ele. Na mesma última conversa que tivemos, algo muito estranho aconteceu. Eu comentei o fato de que estava sofrendo muito e não conseguia entender por que ele não se solidarizava (eu sei que ele não falou para você, mas eu fui um bom namorado). E, para ele, esse fator não deveria ser equacionado em sua atual situação. Então eu falei que alguma coisa estava errada, que um novo amor não deveria nascer de um ato tão egoísta. Ele começou a gritar: "Você talvez entenda de leis, de viagens... mas você não sabe a verdade! Essa história de receber de volta, de pagar pelo que fez não existe. Você não sabe a verdade!" Ele estava gritando muito. "Eu não te amo mais. Eu não te quero mais". Naquela hora, eu parei. Tinha certeza de que não precisava falar mais nada, de convencê-lo de nada: ele já sabia. Era claro: ele não estava gritando comigo, mas sim com ele mesmo. Ele queria acreditar em suas palavras tão desesperadamente... acreditar que a vida é aleatória e que não há penas a se cumprir. E ele quis verdadeiramente acreditar que um dia me amou.

Então... na maior parte do tempo, eu sinto inveja de você. Penso em como seria se eu pedisse menos, e reclamasse menos, e quisesse menos. E, principalmente, inveja por não ser amado. Mas, às vezes também, eu me sinto livre e aliviado. Porque eu sei que ele é um monstro. Talvez ele nunca mostre essa faceta para você, mas tenho certeza que, volta e meia, você acorda e percebe algum grande arranhado nas suas costas, talvez até com um pouco de sangue escorrendo. Você pode decidir voltar a dormir. É o que mais provavelmente fará. Eu fiz isso por muitos noites, por quase todas. Mas um belo dia, um terrível e destruidor dia, eu fechei os olhos e apenas fingi que voltei a dormir. Foi aí quando abri os olhos e vi aquelas unhas grandes a arranhar a minha pele e um sorriso assustadoramente malvado em seu rosto tão belo.



quinta-feira, 26 de maio de 2011

Widow

you had told me to be a widow

and keep your clothes in the night stand

gaze your pictures, award my challenges

and walk behind nobody’s back



I listened carefully to your instructions

and waited anxiously for you to awake

but no soul returned from such a battle

“non-sense, silly”, so had I to wait



I conceived your image in a holy grail

and I drank it religiously just like a prayer

and they were all starving for salvation

releasing, arresting or simply not to care



and you did come one day, in dreams

in hostile savagery felt I your regret

your showing upon sweet lord of mine

sweet sore wasted expecting time



so if you are alive out there, somewhere

lost between revel and conquer and loss

I am patiently existing for your return

for your sending me free out to world



and I know you can sense it, I know you can hear

cause there is still that shutting cut in my heart

you left the door unopened, but not locked

so I just figured they were all your willing above

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A armadilha

Às vezes sinto que minha própria casa é uma grande armadilha. Ela está cheia de lembranças que preferiria evitar. Ou mesmo deveria.

Na sala, existe o sofá em que você deitava. Eu me lembro de uma vez em que você lia um texto após termos brigado. Eu estava cansado... tão cansado de debater sempre sobre as mesmas coisas, de não sair sempre do mesmo lugar. Então eu perguntei por que estávamos assim. Você não soube responder.

No cozinha, estão os utensílios que você trouxe de casa. Quando olho para eles, sinto-me até um pouco culpado por não ter achado que você queria construir um lar. Talvez você realmente quisesse. Por que afinal estão lá agora um puxa-saco, uma pedra de amolar, um protetor de bolo... todos a me observarem diariamente, com um olhar de reprovação e sem nada a dizer.

No quarto, é a cama o que mais dói. Tenho de dormir toda noite, retornar meu olhar para o lado e constatar que você já não está mais lá. E dormir abraçado ao travesseiro que eu comprei para você. É ele você?

Por vezes também lembro dos perigos mais escondidos. Dos poucos presentes que você me deu. Seu trabalho escolar, não tenho coragem de pegar, de ver novamente, de ler novamente. Até hoje não sei exatamente por que você mo deu. Seria porque eu dera meu coração em forma de dragão de pelúcia na semana anterior? Ou realmente você estava tentando trasformar-me em parte de sua vida? Eu não soube dizer. Ainda não sei.

E talvez a maior armadilha seja essa minha insistência em lembrar... em tentar dissecar o que já não tenho mais. Mas não sei como não o fazer. É minha casa, afinal... os fósforos que você comprou continuam na gaveta - ainda não acabaram. O produto de limpeza que você indicou não esgotou nem em um terço. Eu devia criar coragem e jogá-los fora... e jogar toda casa fora. Acho que você nunca percebeu que essa casa eu fiz para você. Eu não poderia impor o fardo a um amigo de dar abrigo a um terceiro. Seria abusar demais. Então eu saí da casa que construí por três anos para ficar finalmente sem lar nenhum. Porque onde estou agora é você e eu não o tenho mais.

Meus amigos perguntam por que estou assim. Por que fui assim. No fundo, realmente não há sentido. Afinal, o que foi você? Um punhado de utensílios e um livro com retratos antigos... uma briga em um supermercado em pró da carne de dezoito reais o quilo. Um nunca 'obrigado por me ensinar, por me apoiar, por me amar sem que eu pedisse por isso'.

Então eu vou continuar dentro desta grande armadilha. Esperando o dia em que os fórforos acabem, que a cama perca tamanho, que o limpa-vidro evapore e que aquela criança que sorri nas fotos finalmente vire um homem e olhe nos meus olhos para dizer o que eu nem sei o quê.

terça-feira, 24 de maio de 2011

O braço

Essa semana não tem sido fácil. Por tantas vezes ao longo dos dias, eu preciso esforçar-me para não sonhar. Porque, quando baixo a guarda, começo a imaginar cenário em que meu coração não dói. Durante a viagem, tudo bem... mas quando volto, o aperto é mais apertado e a tristeza chora um pouco mais.

Hoje, eu cheguei perto de fazer uma bobagem. Quase procurei você, quando então lembrei que já há muito você não me faz bem. Mas precisava conversar... então procurei o telefone de sua mãe em algum lugar. Já nem lembrava que havia me preparado para esse momento: destruíra todos os contatos e impedi que meu pensamento lembrasse do número de cor. Funcionou.

Eu sei que você não sabe o quão trabalhoso é ser-me agora. São tantos exercícios, tanto que preciso lembrar. E tanto que não consigo alcançar. Talvez você pense ser apenas palavras, pelo simples grande fato de isso jamais lhe ter sucedido.

Acho que nunca contei para você, mas eu já o desejeiva antes de saber que existia. Eu estava um dia no meu quarto, deitado na cama, e pensei: apenas queria alguém que pudesse dividir meu sono comigo. Imaginei alguém que me abraçava, coloca seu braço em torno de mim, passando por cima do meu ombro. Eu não consigui ver o rosto, apenas o braço, branco e longo que me abraçava: era você. Então passei a sonhar com aquele rapaz cuja única coisa que conhecia era o braço. E tive a certeza que era tudo que precisava, embora pouco acreditava que ele pudesse chegar.

Algum tempo depois, você apareceu. Por isso não me surpreendo com a maneira que me entreguei. Eu já estava a sua espera há tanto. Lendo isso talvez você entenda o choque que me foi quando você subitamente sumiu de minha vida pela primeira vez. Foi difícil. Em parte porque os sonhos prosseguiam e a única coisa que me restava era pedir que você voltasse para mim. Foi o que fiz. Durante um ano, de quando em quando, eu o lembrava que estava no mesmo lugar, com o mesmo amor. Repeti tantas vezes que você era perfeito e que sempre o amaria. Você era perfeito, porque tudo que queria era ter aquele alguém que me abraçava como naquele sonho. Nada mais.

Um dia, a gente se reencontrou. Eu imaginava que seria apenas um encontro entre conhecidos. Não foi. Eu estava em pé na cozinha, você estava me assistindo fazer uma lasanha. Então, não me lembro por quê, você me deu um abraço. E eu disse: tudo que queria era encontrar alguém cujo abraço me fizesse sentir metade do que sento neste momento. Então eu comecei a chorar. Era verdade. Por um ano, eu tentei substituir aquele braço branco, e cada nova tentativa fazia meu coração murchar um pouco mais.

Você sabia disso. Você sabia o quanto eu amava você. Eu dissera 'eu te amo' desde que o conhecera, e por um ano eu repeti essa frase incessantemente. Você sabia. Então, quando no meio das minhas lágrimas você me abraçou, e me beijou, o que mais podia esperar? Você me levou para a sala e disse que chegara a hora de a gente namorar.

E namoramos. Não foi fácil, você deve saber. Eu sempre amei incessantemente, e você... é difícil de dizer. Suas palavras e atitudes cortavam meu coração. Talvez porque eu sentisse que você realmente não queria estar ali. Você não queria, não é? Eu sei que você nunca sentia que me devesse alguma coisa. Você nunca fez nada por mim, não de coração. Para ser sincero, eu não me lembro de nenhuma vez que tenha dito obrigado. Eu tento às vezes lembrar, mas sempre me deparo com sua crença em não se desculpar, ou dizer tudo que pensa, como se pensar fosse a grande proeza da humanidade. O que me lembro é de quando terminou comigo por telefone, as duas vezes. Eu lembro do fato de você não ter me ligado depois que foi embora, muito embora tivesse dito que ainda estávamos juntos. Eu tive que assistir você de longe me jogar para longe. E talvez o mais dolorido tenha sido ouvir de você, em nossa última conversa, que tudo por que passei foi culpa minha, por que fui eu quem quis ficar com você.

Hoje entendo que quis pouco de mais. Não deveria ter desejado apenas um braço longo e branco a me abraçar. Deveria ter desejado alguém que me amasse, que cuidasse de mim, que medice palavras, que dissesse obrigado e que se desculpasse. Não foi o que fiz. E agora fico preso nesse sentimento de raiva de mim mesmo e mágoa... tanta mágoa em saber que você se foi e somente o sonho de um (a)braço ficou.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

É o que me resta.

Certas horas, as coisas perdem o sentido. E sei que não faço muito sentido, que não faz muito sentido, mas eu realmente preciso negociar com a existência.

Quando Newton ensinou-nos sobre a ação e reação, logo foi roubado de seu universo de trabalho para um empréstimo às relações sociais. Pois esse tem sido meu mal: excesso de ação. Sofro a ação do tempo, dos jogos de casais, do mundo do emprego. Não recebo uma folga. Não cometo uma foda. Eu grito agora que não é justo!

Que merda, existência. Parece que desaprendeu a terceira lei. Tão clássica! Não quero ficar em apenas palavras, quando palavras ainda estão a faltar.

E quando me dou por mim, percebo a bobagem. Negociar com a existência não é apenas estúpido, mas também perigoso. É nessas horas que eu desejo uma vidente em um chaveirinho, porque não dá mais para esperar.

.... Eu paro e sento. Olho para calendário marcando em página avançada o dia 21. É... esperar o fim do mundo é tudo que resta.

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Em homenagem a Ester Moraes de Andrade.

domingo, 22 de maio de 2011

3 anos

Três anos é muito tempo. São 1.095 dias; às vezes, 1.096. E tantas horas. O que pode acontecer entre uma e outra? Não tenho espaço para discorrer. Então penso nas vidas que surgem, e nas que morrem, nesse espaço infinito de tempo. Quantas vezes morri em três anos? Quantas vezes nasci? Não é fácil dimensionar o tempo. Já pensei ter ele apenas uma... enganei-me. Mas agora você diz três anos e eu me pergunto: o que serão três anos para você?

Três anos é pouco tempo. Eu ainda serei o mesmo. Talvez com menos cabelo e mais dinheiro, mas ainda terei sonhos que fiz no passado. Ou quaisquer três anos que sejam não seriam o suficiente para mudar. Já foram muitos três anos, tantos; da maioria mal consigo lembrar. Porque a existência se alonga; na falta de extremos, qualquer intervalo perde seu valor... Quem dirá três anos...

Acho que ainda sou inocente. Eu achei que fosse sobre mim. Então retornei três anos e me vi perdido em um ponto onde ainda não existia. Foi então que percebi meu erro: você se referia ao futuro. Três curtos longos anos ao devenir. Talvez você já conheça bem essa minha mania de me prender ao passado. Então me prendi a mim: eu sou o passado. E ele não.

Por isso - acredito - que me descreditava. Não sou um homem - você pensou - que nasceu para viver os dias, mas para apenas registrá-los. Como afinal ter uma vida com uma assombração constante de fatos cada dia mais numerosos, cada dia mais penosos. Isso não é vida - você concluiu. Não há razão em sofrer pelo que já passou. Nesse cenário, o arrependimento perde todo seu sentido e assim se constrói a sua lógica, sua filosofia diária, que cultiva com tanto amor.

Mero engano... falsa representação. Como explicar então minha sede por um futuro diverso, minha luta diária para construir um vida que ainda está por vir. Eu sou um homem do passado, é verdade, mas isso faz de mim um homem do presente e do futuro também. O historiador não estuda o passado como um objeto abstrato, um vulto sobre cuja materialidade não há consenso. Ele sabe muito bem que o passado esteve um dia aqui e é uma mera limitação fisiológica que não nos permite tocá-lo. Ele sabe também o que está por vir. Sabe que seu objeto se renova a cada dia, porque a cada dia, 24 horas somam-se ao universo que ele quer explorar. Mas, acima de tudo, ele enxerga que esses três entes cronológicos são no fundo meras construções intercaláveis e perfeitamente calculáveis. E que são mero engano... falsa representação.

Eu sinto muito em revelar esse segredo. E estou ciente dos argumentos que irá levantar. Eu também acredito na mudança, mas sei também que é a permanência que domina o homem. Sei que houve uma troca, e outra troca ocorrerá. Eu mesmo já a pratiquei diversas vezes. Até aí, nada de novo. Queremos - quis, quer - desesparamente acreditar que a mudança é possível, mas, finalmente um dia, perebemos que estamos no exato mesmo lugar. Porque três anos não existem, seja para o eu-passado ou para o outro-futuro.


Thank you

Everywhere I go you follow me in my dreams
But I have a lump my throat
Cause I have listened the words
And the petty rules you gave to me

I don’t mind having to shut up when I see you
But I can’t afford to be killed one more time
Now there’s no chance left of my being here
So I’ve graced you with my presence tonight

You say thank you for not being here
You say thank you for my sorry ass
You say thank you for the huge distance
You said thank you, thank you to me

You have destroyed my hopes and my life
And it is not fair to do it to me
You may never find such strong need
For such unneeded love

You say thank you when you surely need it
You say thank you when you are fed up
You say thank you every time I crash
While I was trying to apoligise to you

I have lived as much damage as you can’t image
You have done such bad things to me
But your miracles are unexpected
You certainly got me confused

You say thank you for your bitter friends
You say thank you when the film ends
You say thank you everywhere I am not
While you pray for my non-existence

Now I leave you in your own nightmare
You did although you didn’t have courage to
You have lost me forever
And do you know what you do?

You say thank you for your fucking nature
You say thank you for my humiliation
You say thank you for my sad loss
But you have never really said thank you to me
Yeah... you have never really said thank you to me


Colwyn Bay, 1998


sábado, 21 de maio de 2011

a second glance

and so I was born on April 13th
I guess we don't really know
till we are told.

and now I'm over a month old
and feels nice to walk, and talk.

Did I really know before
when I first saw it?
Or does it always take a second glance
to finally come to be?

I cannot say I get it.
I really don't.

but I am not all surprised
you have been digging for far too long now.

you'll find it, I'm sure.

I already have.

terça-feira, 17 de maio de 2011

nothing out of the ordinary

Last night,
or the night before,
I felt you.

You too were not ok.

But it's ok, really.

I tried to tell you so,
in my thoughts.

I think you got it.

It was the first time
since the bloody Sunday
I did not hate you.

I never hated you -
I was just not aware of it.

I was lying in bed,
waiting for the sleep to come;
you came instead.

It was probably the first time
since that bloody Sunday
you felt guilty.

But you always did, I'm sure -
you were just not aware of it.

I told you it was ok.

It is really ok.

It's nothing out of the ordinary.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

change

If I told you a thousand times how much I hurt
it'd still not change a thing
and if I told you that I cannot go on and that I'm stuck to the past
you'd turn away and say that's not really your fault

I know that much because that's exactly what you did

I cannot say I am suprised
As much as I've tried to change you, I failed.
I cannot change you

and I cannot change me

I looked for things in you I'd never find
and now I'm lost in ways I should never have known
you think I made my bed
and I repeat I did not have any choice

You were mean to me the first time we met
You were mean the times after that
You were mean to me when we were together
and you were mean to every time we were not

and I repeat I did not have any choice

because I desperately hoped you'd change
and you were just trying to gain
anything at all

well, you got it.

isn't that nice?

terça-feira, 10 de maio de 2011

porque quis demais

Se você me perguntasse qual o grande problema,
não sei se saberia responder
também não creio que viesse a perguntar,
ou vontade tivesse de saber

foi sempre esse nosso jogo...
eu me importar e você ser...
você

porque queria que fosse alguém diferente...
confundi meus sonhos com os seus

Eu poderia dizer que foi a mágoa,
o abandono
o castigo por eu ser bom,
ou ser ruim
por eu não obedecer

Ou então que foi o roubo
porque quando vejo algum pedaço
algum detalhe que sei ser meu
sinto cada pedaço que não encontro
porque tudo que tinha agora é seu

Ou seria a indiferença
o quando você resolveu
que eu não seria equacionado
decisão que tomou
no momento em que me conheceu

Talvez seja minha solidão
os dias vazios... o ciúme...
o desejar e o não ter
o querer não querer

Nessas horas, eu me pergunto
se ele tem os dez quilos que nunca tive
se tem uma bunda empinada
se tem a voz masculinizada
se faz o avião não tremer

Me pergunto se ele já foi à sua casa
e qual o arranjo monetário
que faz seus passeios fluir

Me pergunto se você é feliz
porque ele não chora quando te abraça
ou se lembra com saudade
ou desprezo
de um amor que jamais te tocou

Se ele observa você no banho
e se você retorna o olhar
ou vira o rosto
porque banho é banho
e nada mais

Se os dias são apenas presentes
jamais futuro

por que?
por que pensei em seu por vir
se nem no então te tive?

Então o que mais me mata
é imaginar que talvez andem de mãos dadas
e façam planos de dividir e sonhar
e que tenham uma vida
por que tanto implorei
e não pude ter
porque quis demais

sábado, 7 de maio de 2011

Evolução e História

Muitas já foram as críticas feitas por historiadores ao termo evolução. Muitas também foram as menções a essas críticas. Está, pois, sedimentada a cisão entre o historiador atual e o discurso popular em torno dos mecanismos de transformação social. Atrevo-me, contudo, a retornar a essa discussão e tentar esmiuçar o seu sentido.

Desde muito, a história é objeto de si própria. Nesse sentido, o repúdio ao termo evolução para descrever os eventos históricos não esteve sempre presente nos debates da historiografia. Em determinado ponto, contudo, o problema apareceu e os motivos para isso foram certamente inúmeros. Ao meu ver, o fim do Estado Soviético foi um dos mais importantes. É certo que Marx não foi o único filósofo da história, mas o impacto de suas ideias sobre seu rumo foi deveras relevante, seja por sua extensão ou por sua intensidade. Assim, com o fim do sonho comunista, a crença na filosofia da história perdeu vigor, já que sua maior vertente fracassara. O proletariado não tomou as rédeas do poder, as classes sociais não desapareceram e a história não chegou ao fim. A partir desse ponto, a historiografia passaria a desprezar qualquer discurso que vislumbrasse um sentido na história, porque isso implicaria na crença em um único caminho a ser seguido, ou, ao menos, um único destino. A palavra do dia viria a ser opção, ou mesmo escolha. A história perdeu as suas pernas e o homem passou a ser seu sujeito ativo. O futuro tornou-se incerto. Nesse cenário, a evolução não tem lugar.

Mas há outros motivos para explicar a aversão ao termo evolução por parte da historiografia. De certo modo, imaginar que o futuro existe para aprimorar as pessoas diminui o objeto de estudo da história, pois esse seria sempre menos louvável que o presente. E mesmo que se adote o discurso de que a exibição dos erros do passado pode ajudar a evitar que ocorram novamente, permanece a sensação inquietante de que somos sempre um pouco pior do que nossos irmãos do futuro. Por outro lado, creio que a grande distância que se formou entre historiadores e não-historiadores talvez também tenha outras razões. Uma delas seria a própria noção do que seja a evolução.

Atualmente, o termo evolução possui duas acepções, embora as pessoas, ao utilizá-lo, não façam essa distinção. Quando Darwin colocou a palavra evolução em nosso vocabulário diário, ela foi aos poucos desprendendo-se do sentido usado em A Origem das Espécies. Ao explicar os seres vivos como um produto do tempo, por meio de processos como seleção natural e mutação genética, muitos concluíram que o naturista fazia um apologia ao presente. Os biológos talvez sejam os mais conscientes de que não era esse o caso. Afinal, se nossas atuais girafas conseguem sobreviver nas savanas de altas árvores, com certeza morreriam nas savanas de seus antepassados. Nesse sentido, elas não podem ser descritas como melhores que seus pais, mas apenas diferentes. A noção do tempo marchante, contudo, talvez tenha criado essa associação entre evolução e melhoramento, pelo fato de que os ascendentes morrem cronologicamente primeiro.

Com base nessas duas acepções, os historiadores não necessitam expurgar a palavra evolução de seus textos, mesmo que tenham descartado a filosofia da história. Para isso, é suficiente quem lembrem o leitor de que usam a acepção darwiniana do termo: mudança. É bem possível, contudo, que ainda assim não tornem seu discurso convincente, porque o questão central do leitor não está na escolha do termo, mas na própria ideia de que a história seja apenas isso: mudança.

É certo que a filosofia da história de Marx morreu. Mas há fortes indicídios de que nem toda filosofia da história teve o mesmo fim. Com efeito, ela vem desempenhando um papel nos últimos séculos que a Idade Média reservava à religião: um porto seguro, um sonho, uma esperança, uma certeza. Hoje deus são muitos, a vida terrena ganhou valor e a fé é a única ligação entre o homem e o perfeito. Sem uma religião unipresente e infalível, foi preciso encontrar um novo lugar por que o homem pudesse esperar: o futuro. A filosofia da história deu ao homem esse lugar bonito, esse destino inevitável. Os erros de presente tornaram-se suportáveis, o medo desnecessário e o arrependimento completamente inútil, pois qualquer caminho levará ao mesmo lugar: um homem melhor. O mundo moderno é assim o mundo do tempo, e o historiador terá de aceitar que seu objeto foi colocado no altar. Ademais, se quiser fazer parte do culto, deverá encontrar outro Marx, um novo sentido, apontar o destino; pelo menos, até a próxima era chegar.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

It's hard sometimes to define where exactly it is coming from. Or what it is. I find myself trying to figure out what is bothering me; it's the way I feel things go.
As silly as it appears to be, it changes. It comes in waves... I've mentioned it before. And although I cannot define it, I can surely say it was hard today. Hard to see pieces of me in you. I didn't really want it to be so. To feel robbed of something I have so little of. The more I see the more I find you selfish, corrupt, and dirty.
The last time we talked, I got the feeling you were not really yelling at me. You were not trying to convince me I didn't know better. I believe you were trying to convince yourself I did not. And that you still are.
You were never my friend. We were never together. I tried to help you. You tried to get things from me. I loved you and you used me. I was always clear, you were never there.
And what does it all mean now? Why am I bringing this all up? I am not sure, really. And I am sure for certain. I am still being clear, and you not yet my friend.