Os adjetivos dicotômicos 'liberal' e 'conservador' aparecem bastante frequentemente no discurso; seja nas ruas, nos impressos ou nos virtuais. Insiro-os na longa lista de palavras que, de tanto repetidas, parecem perder o sentido. O que afinal quer dizer o político quando acusa o oponente de ser conservador? E que nova onda é essa de filhos que consideram os pais liberais demais? No primeiro caso, talvez estejam referindo-se àqueles que resistem a mudanças (como se mudanças fossem dar atenção a nossos receios). No segundo, talvez estejam comentando sobre pais ausentes, ou pais com hábitos geralmente associados aos jovens...
Mas esses são somente alguns exemplos banais[sic]. Coloquei-os aqui apenas para começar uma discussão que resgate esses sentidos perdidos; até porque percebo-me muitas vezes a usar essas qualificações e não gostaria de tropeçar nas minhas próprias palavras. Comecemos então pelo mais rejeitado[sic]: conservador. O caminho mais fácil talvez seja pensar na derivação: conservador é aquele que conserva. Nesse sentido, não poderia ser aquele que não deseja a mudança, mas sim aquele que, de fato, não mude. Sou definitivamente um conservador; ao menos, em algum sentido. No presente momento, por exemplo, estou ouvindo a um álbum que ouvi durante toda a adolescência. De fato, meu gosto musical foi velado antes de completar os vinte anos. É bem possível que essa seja a razão de não gostar de rádio.
E liberal? Não parece ser o que liberta, nem o que é livre. Seria liberal aquele que ama/deseja a liberdade? Mesmo um pouco cético, gosto de me enxergar como amante da liberdade: amante do direito de ir e vir, de dizer o que pensa, de acreditar no debate, e - por que não? - do direito de mudar. Possivelmente nasci e morrerei um liberal - mesmo que considere a liberdade (e qualquer coisa, na verdade) relativa e questionável. Sou filho do século XX e culpo-o pelas minhas descrenças nas minhas próprias crenças.
Entrem outros, Houaiss chama de liberal de progressista - colocando esse como oposto de conservador. E chama esse quem defende o tradicional. Parece uma boa saída.
Particularmente, prefiro quebrar a dicotomia. Prefiro ser um liberal conservador: aquele que ama a liberdade sem nenhuma pretensão de mudar.
Mas esses são somente alguns exemplos banais[sic]. Coloquei-os aqui apenas para começar uma discussão que resgate esses sentidos perdidos; até porque percebo-me muitas vezes a usar essas qualificações e não gostaria de tropeçar nas minhas próprias palavras. Comecemos então pelo mais rejeitado[sic]: conservador. O caminho mais fácil talvez seja pensar na derivação: conservador é aquele que conserva. Nesse sentido, não poderia ser aquele que não deseja a mudança, mas sim aquele que, de fato, não mude. Sou definitivamente um conservador; ao menos, em algum sentido. No presente momento, por exemplo, estou ouvindo a um álbum que ouvi durante toda a adolescência. De fato, meu gosto musical foi velado antes de completar os vinte anos. É bem possível que essa seja a razão de não gostar de rádio.
E liberal? Não parece ser o que liberta, nem o que é livre. Seria liberal aquele que ama/deseja a liberdade? Mesmo um pouco cético, gosto de me enxergar como amante da liberdade: amante do direito de ir e vir, de dizer o que pensa, de acreditar no debate, e - por que não? - do direito de mudar. Possivelmente nasci e morrerei um liberal - mesmo que considere a liberdade (e qualquer coisa, na verdade) relativa e questionável. Sou filho do século XX e culpo-o pelas minhas descrenças nas minhas próprias crenças.
Entrem outros, Houaiss chama de liberal de progressista - colocando esse como oposto de conservador. E chama esse quem defende o tradicional. Parece uma boa saída.
Particularmente, prefiro quebrar a dicotomia. Prefiro ser um liberal conservador: aquele que ama a liberdade sem nenhuma pretensão de mudar.
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