quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Introdução (2)

No dia 13 de agosto, eu entrei em um avião para voltar ao nosso passado. Cada passo que dava trazia de volta uma lembrança, revivia um momento recorrente - não eram os primeiros, mas eram definitivamente mais intensos.
Eu olhava pela janela e via as nuvens; lembrei que havia cedido o lugar para você porque queria que apreciasse seu primeiro vôo; você reclamou do barulho, da pressão nos ouvidos, do espaço pequeno. Quando saltamos, não precisamos fazer perguntas: eu já havia pesquisado todo trajeto que deveríamos fazer. Mas acho que isso não percebeu - ou não achou que fosse tão importante.
No sábado, eu andei de ônibus sozinho. Lembrei dos lugares que fomos - porque você queria ir. Lembrei dos detalhes que me contou, dos elogios que fez a alguns monumentos. De noite, jantei no mesmo restaurante cuja comida você não gostou.
Dormi na sala em que dividimos o colchão. E lembrei da briga que tivemos e de como eu não queria que minha vida mais fosse para alimentar a sua. Então, pensei nas coisas que não perdi ao perder você, e das coisas que jamais terei a chance de descobrir.
Quando voltei, passei algumas horas no aeroporto esperando a hora do avião partir. Entrei em uma livraria e lembrei do livro que você queria ler. Continuei a andar e encontrei um livro que eu queria ler. E logo em seguida já sabia o livro que eu deveria escrever.

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