segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Introdução

Eu sei que meus passatempos não são como os seus. Na verdade, nem sei se os possui. Afinal, sou eu quem precisa passar as horas, contar os dias: porque o meu prometido está sempre em um período logo mais para frente, enquanto o seu já passou - ou nem sonha em existir.
Então, quando você saiu por aquela porta - pela minha porta - , eu sabia que seria eu quem remoeria o passado e substituiria os momentos-ser pelos os por-que-não-foi. E sabia também que seria um processo sem fim - embora fosse esse seu fim - ; a contradição resolver-se-ia na sua imprescindibilidade.
Mas foi quando andava por um aeroporto que, ao acaso, descobri um solução - embora saiba que solução não há. Era um livro. Vi na capa o nome de um autor querido que, depois de muitos anos de silêncio, resolveu contar uma história de amor: um casal que, ao acaso, encontrava-se após trinta anos de uma súbita separação. Resolveram, por meio de uma troca de mensagens, tentar entender o que os distanciara.
É algo assim que resolvi fazer aqui. Percebi que há mais de uma forma de remoer a mesma dor. Não tentarei mais desvender um passado que não me é compreensível: inventarei um futuro que possa tocar.

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