segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Introdução (3)

Você talvez tenha sempre pensando que eu sou um homem do passado. Que remexe o passado; o dilacera; o remói. Confesso ser bem mais simples pensar assim. Pensar que sou o fruto das escolhas que fiz, dos dias que vivi, das dores que a vida trouxe.

Você, por outro lado, seria o homem do presente. Aquele que vive o momento; o surpreende. É talvez assim justifique as escolhas que faz agora - a falta delas talvez. Porque seria tão fácil passar os dias assim - e tão difícil, se viesse a saber.

Então seríamos um erro por estarmos em tempos diferentes. Eu estaria sempre a correr tentando alcançá-lo; e, quando chegasse, você já teria partido. Eu estaria sempre tentando remontar a vida que perdi, e você construir - em segundos - o que outros levam toda uma vida.

É... realmente isso explicaria tudo.

Entretanto, não creio que eu seja um homem do passado. Percebi que tudo que faço não é para consertar os erros que cometi, mas para evitar os que viriam. Descobri que vivo cada dia de minha vida olhando para o segundo que vem depois.

Esse é o problema. Eu olho para frente, e você olha para mim. E talvez não perceba que o único motivo que não viro meu rosto é para não perder o rumo da direção.

E você precisa de alguém que olhe para seu rosto. E eu preciso continuar olhando para frente... para não perder o rumo da direção.

Então, nas próximas páginas, mostrarei, em meu rosto, o horizonte para o qual a direção aponta.

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