Estou convencido de que a mudança da Capital da Província é uma necessidade inadiável, não só pelo futuro desenvolvimento desta Provincia, como pelas condições higiênicas que deve ter toda Cidade destinada a ser o centro de uma aglomeração de população mais ou menos numerosa.
Com a prosperidade que as duas estradas de ferro projetadas, os engenhos centrais e a navegação direta trarão infalivelmente a esta rica parte do Império, a Cidade da Vitória, situada na encosta de uma montanha, apertada pelo mar em uma estreita língua de terra, despida de condições que possam oferecer o confortável a sua população e os melhoramentos materiais que são a base de todo o progresso intelectual e moral, como nos ensina a sã filosofia, a Cidade da Vitória não mais poderá continuar a ser a Capital da Província sem uma grave aberração, filha ou de interesses pouco confessáveis, ou de um receio vago e chimérico de avultadas despezas, que não comportariam a fortuna pública e a particular.
A essa importante e decisiva consideração, acresce que muito brevemente, 0 segundo o parecer dos entendidos, a água há de faltar para o abastecimento da população principalmente na estação calmosa, ou pelo menos se há de reduzir irreparavelmente a quantidade suficiente para o consumo de uma população ligeiramente aumentada.
Faltando a água, esse elemento da vida, tudo falta e a necessidade há de obrigar mais tarde, com despezas acrescidas e males maiores, a fazer precipitadamente aquilo que não so quis fazer em tempo.
Devo expender uma opinião sobre o local mais apropriado a edificação da nova cidade que no futuro será a centro moral , intelectual e industrial da população Espírito Santense.
Sou avesso as ideia de colocar a nova metrópole na Vila do Espírito Santo* ou em outro qualquer ponto do vasto estuário, doca natural de que é dotada esta zona da Província.
Além de não existir nas proximidades da Vitória e dentro do porto lugar apropriado à sólida construção de uma grande cidade, e da falta d'àgua, impossibilitam a adoção de semelhante medida, ela viria matar a Cidade de Vitória, o que seria em todo caso um mal grande; além de ferir graves interesses.
Parece-me que o exemplo do Paraná e sobretudo da grande e próspera Província, cujo digno filho e representante V. Ex. é, oferece uma solução decisiva a esta questão vital.
A futura Capital do Espírito Santo deve ser colocada em um ponto central da província, em um lugar que mais apropriado for, comunicando-se por meio de via férrea com 0 porto da Vitória, que será sempre o entreporto do comércio de toda a Província.
Esta cidade nada perderá, se se retirar dela o mundo oficial; as forças de um comércio rico e poderoso erguer-la-ão em pouco tempo do abatimento em que tiver caído. Santos e Paranaguá o demonstram.
A colocação da Capital no centro ativará o desenvolvimento da província e regularisará melhor a circulação das ideias e dos predutos.
É a minha opinião, que o futuro se encarregará de aprovar ou reprovar.
(Trecho do relatório apresentado pelo administrador da província do Espírito Santo, Martim Francisco Ribeiro Inglez Souza, à Assembleia Provincial, 1882)
* atualmente correspondente ao município de Vila Velha
Com a prosperidade que as duas estradas de ferro projetadas, os engenhos centrais e a navegação direta trarão infalivelmente a esta rica parte do Império, a Cidade da Vitória, situada na encosta de uma montanha, apertada pelo mar em uma estreita língua de terra, despida de condições que possam oferecer o confortável a sua população e os melhoramentos materiais que são a base de todo o progresso intelectual e moral, como nos ensina a sã filosofia, a Cidade da Vitória não mais poderá continuar a ser a Capital da Província sem uma grave aberração, filha ou de interesses pouco confessáveis, ou de um receio vago e chimérico de avultadas despezas, que não comportariam a fortuna pública e a particular.
A essa importante e decisiva consideração, acresce que muito brevemente, 0 segundo o parecer dos entendidos, a água há de faltar para o abastecimento da população principalmente na estação calmosa, ou pelo menos se há de reduzir irreparavelmente a quantidade suficiente para o consumo de uma população ligeiramente aumentada.
Faltando a água, esse elemento da vida, tudo falta e a necessidade há de obrigar mais tarde, com despezas acrescidas e males maiores, a fazer precipitadamente aquilo que não so quis fazer em tempo.
Devo expender uma opinião sobre o local mais apropriado a edificação da nova cidade que no futuro será a centro moral , intelectual e industrial da população Espírito Santense.
Sou avesso as ideia de colocar a nova metrópole na Vila do Espírito Santo* ou em outro qualquer ponto do vasto estuário, doca natural de que é dotada esta zona da Província.
Além de não existir nas proximidades da Vitória e dentro do porto lugar apropriado à sólida construção de uma grande cidade, e da falta d'àgua, impossibilitam a adoção de semelhante medida, ela viria matar a Cidade de Vitória, o que seria em todo caso um mal grande; além de ferir graves interesses.
Parece-me que o exemplo do Paraná e sobretudo da grande e próspera Província, cujo digno filho e representante V. Ex. é, oferece uma solução decisiva a esta questão vital.
A futura Capital do Espírito Santo deve ser colocada em um ponto central da província, em um lugar que mais apropriado for, comunicando-se por meio de via férrea com 0 porto da Vitória, que será sempre o entreporto do comércio de toda a Província.
Esta cidade nada perderá, se se retirar dela o mundo oficial; as forças de um comércio rico e poderoso erguer-la-ão em pouco tempo do abatimento em que tiver caído. Santos e Paranaguá o demonstram.
A colocação da Capital no centro ativará o desenvolvimento da província e regularisará melhor a circulação das ideias e dos predutos.
É a minha opinião, que o futuro se encarregará de aprovar ou reprovar.
(Trecho do relatório apresentado pelo administrador da província do Espírito Santo, Martim Francisco Ribeiro Inglez Souza, à Assembleia Provincial, 1882)
* atualmente correspondente ao município de Vila Velha
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