Seria mais fácil com um sorriso na alma.
Seria mais fácil com esperança de dias melhores.
Seria menos difícil.
Seria mais fácil se crime e castigo recaíssem sobre a mesma pessoa.
Seria mais fácil ter memória no lugar de especulação.
Seria menos difícil.
Seria mais fácil se fosse em outro momento, com outra pessoa.
Seria mais fácil se não houvesse tanto amor.
Seria?
Seria mais fácil se eu não soubesse desde o princípio,
ou, se você soubesse desde o princípio,
teria eu me permitido?
Seria mais fácil, para quem afinal?
Seria mais fácil se pudesse identificar o que aperta mais:
a tristeza, a raiva, a amargura ou a decepção.
Ou talvez fosse até mais difícil.
Seria mais fácil se não fosse tão óbvia
a minha imperfeição.
Seria mais fácil se não fosse tão difícil desculpar.
Seria mais fácil se seu sorriso não fosse tão lindo,
se eu não me sentisse no céu quando estou em seus braços.
Seria mais triste também.
Seria mais fácil se o sim e o não fossem entidades apartadas.
E o bom e o ruim.
E o tudo e o nada.
Seria tão menos difícil.
Seria fácil se você não tivesse me dado tanto
e me tirado tanto,
ao mesmo tempo.
Seria mais fácil se eu soubesse
quando irá parar de doer.
Quando irá parar de doer?
Seria mais fácil se os momentos de alegria
não fossem mera exaustão da tristeza.
Não (o) seria?
Seria tão mais fácil se eu não precisasse te ferir
para lidar com minha dor;
te culpar, para me culpar menos.
Seria tão mais fácil se meu amor não fosse inflamado.
Seria mais fácil se eu não me odiasse tanto
a ponto de odiar quem eu mais amo.
Se você não tivesse se/me/nos feito mal
repetidas vezes, insuportáveis vezes.
Seria mais fácil se meu coração não estivesse destroçado.
Seria mais fácil se, ao olhar para você,
eu não lembrasse instantaneamente
do que mais quero esquecer.
Seria mais fácil se eu não tivesse visto dias
em que o culpado era apenas eu,
quando você era meu herói.
Seria mais fácil então não ter memórias
ou é a experiência narrada
que não me deixa partir?
Seria mais fácil se eu aceitasse a vida
com seus devaneios, sua ironia,
suas piadas de mau gosto.
Seria mais fácil se eu enxergasse o tanto que tenho,
a sorte que tenho.
Seria fácil demais.
Seria justo demais
se houvesse justiça;
mas seria lindo talvez.
O que seria afinal de nós dois,
se tudo estivesse no lugar.
Se cada pílula a mais não fosse um dia a menos.
Se tudo estivesse no lugar,
eu estaria aqui?
Você estaria aqui?
A nossa vida se tornou a busca do perdão
e seria mais fácil se essa cessasse
de um jeito ou de outro.
Seria mais fácil se eu tivesse escolha?
Ou se você tivesse escolha?
Mas a escolha que tinha você já fez; e eu, a minha também.
Seria mais fácil então não querer facilidade,
não querer felicidade,
não querer continuar.
Seria mais fácil poder voltar no tempo
e mudar alguma coisa, qualquer coisa,
que fizesse amenizar a dor.
Seria mais fácil ser mais egoísta,
ou menos egoísta.
Seria mais fácil aproveitar.
Seria fácil dizer que, se tivesse a chance,
jamais teria apertado aquele botão.
Mas isso seria o mais difícil.
Porque você é quem você é;
por isso, foi fácil demais
me apaixonar.
Seria mais fácil? Talvez.
Mas essa pergunta já não tem lugar;
e isso é o mais difícil.
Seria mais fácil
e desolador;
e isso é o mais difícil.
Finalmente, seria mais fácil se soubesse encerrar este escrito,
se tivesse alguma frase de efeito, ou mesmo uma moral.
Não tenho nada.
Seria mais fácil se, de algum modo, soubesse o que será de nós.
Não sei, e parte de meu temor talvez seja esse.
Seria fácil pensar que tudo é apenas poesia.
Seria fácil; e lindo demais.
segunda-feira, 5 de novembro de 2018
terça-feira, 2 de outubro de 2018
Dizer eu te amo
Dizer eu te amo parece pouco. Por quê?
Em certas circunstâncias, dizer eu te amo é muito. Pelo medo da entrega, da ferida - sentida ou infligida.
Mas não é disso que falo. Não falo da hesitação pela hipérbole, mas pelo eufemismo. Pelo fato de que a palavra não irá tocar o objeto a que se refere.
Para compensar essa deficiência, faço uso de diferentes estratégias. Primeiro, a repetição: digo que amo exageradas vezes. Como se, a cada instância, a palavra abarcasse um pouco mais da experiência que almeja descrever e dela assim se aproximasse. Mas falha. Lanço mão então de figuras de linguagem, que retiram a palavra de seu lugar de conforto para criar algo que, em seu mundo fechado, não tem deveras lugar. Mas falham. Porque mesmo metáforas, comparações e metonímias apenas distraem o interlocutor do fato de que o que se diz não coincide exatamente com o que se quer dizer.
Também fujo do mundo dos vocábulos. Faço gestos, ações. Beijos delicados, também exageradamente repetidos - como se cada toque do lábio no corpo estivesse a desobstruir um canal imaginado de comunicação direta. Abraços, apertados ou delicados, quase sempre prolongados, como se fosse possível fundir pele com pele, como se escutar as batidas do coração fosse o mesmo que entender o motivo pelo qual o faz. E choro, choro - ao ver o rosto, ao pronunciar o nome, ao lembrar, enfim, que ele existe. Como se lágrimas fossem a matéria do sentimento, capazes de externar, ainda que em um ínfimo, o que as provocou. Entrego presentes, escrevo poesias, como se o tempo materializado ou a matéria temporal fossem capazes de condensar o amor.
Mas não são.
Dizer eu te amo parece pouco. E é. Porque não posso explicar com ideias ou com meu corpo o que minhas ideias e meu corpo condividem. Dizer eu te amo é pouco, mas não dizê-lo contorce minha alma ainda mais, porque essa é a maneira que encontrei para tentar conciliar o que sinto com o que posso expressar. Dizer eu te amo com as palavras repetidas, rebuscadas, fora de seu lugar habitual. Dizer eu te amo com um beijo, um abraço, um gesto, um presente. Com uma vida nova. Dizer eu te amo a cada dia, de uma forma distinta, que ainda terei de inventar. Porque dizer eu te amo é muito pouco.
Dizer eu te amo é pouco. Por quê? Porque o amor é justamente aquilo que não se pode dizer, que não se pode traduzir, que não se manifesta fidedignamente no sensível. O amor não é símbolo. O amor é o único que não é símbolo. E, como seres simbólicos, o amor não faz parte de nós, ainda que esteja em nós. Dizer eu te amo então é tentar simbolizar, é tentar inventar o que já existe, o que pré-existe e o que vai sempre existir. Dizer eu te amo, enfim, é buscar a eternidade que tanto desejamos, mas jamais teremos, porque ao mesmo tempo que amarra, afaga, dá vida e escapa de nossas mãos.
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Tatuagem
Eu dissera jamais imaginar fazer uma tatuagem:
deixar marcado para sempre um objeto
no objeto de meu corpo
pregado
constante
inseparável.
Estava enganado.
Porquanto minha vida foi a busca
pela tatuagem perfeita
e o local perfeito
onde fixá-la.
As que fiz até então,
se as fiz até então,
foram apenas esboços,
ainda que a carne viva
ainda chore a dor da agulha,
dos traços borrados,
da rasura mal-feita,
do lugar errado.
Não mais.
Pois encontrei a representação
que sempre busquei.
E encontrei a parte perfeita
onde fazê-la
parte de mim.
A pontada da agulha,
a lesão no tecido,
o medo de ter para sempre
agora me transformou
e se transformou
em candura.
Pois, em cada batida,
meu corpo lembrará
que você existe.
E, a cada batida,
saberei que valeu a pena
a procura.
Meu coração
amaldiçoado
agora pintado
com as cores mais lindas
passou a palpitar sabendo
que vale a pena fazê-lo,
pois o eco abafado e triste
deu lugar ao som de seu nome:
tum, tum, tum, Tales
tum, tum, tum, Tales
tum, tum, tum, Tales
tum, tum, tum, Tales
deixar marcado para sempre um objeto
no objeto de meu corpo
pregado
constante
inseparável.
Estava enganado.
Porquanto minha vida foi a busca
pela tatuagem perfeita
e o local perfeito
onde fixá-la.
As que fiz até então,
se as fiz até então,
foram apenas esboços,
ainda que a carne viva
ainda chore a dor da agulha,
dos traços borrados,
da rasura mal-feita,
do lugar errado.
Não mais.
Pois encontrei a representação
que sempre busquei.
E encontrei a parte perfeita
onde fazê-la
parte de mim.
A pontada da agulha,
a lesão no tecido,
o medo de ter para sempre
agora me transformou
e se transformou
em candura.
Pois, em cada batida,
meu corpo lembrará
que você existe.
E, a cada batida,
saberei que valeu a pena
a procura.
Meu coração
amaldiçoado
agora pintado
com as cores mais lindas
passou a palpitar sabendo
que vale a pena fazê-lo,
pois o eco abafado e triste
deu lugar ao som de seu nome:
tum, tum, tum, Tales
tum, tum, tum, Tales
tum, tum, tum, Tales
tum, tum, tum, Tales
domingo, 9 de setembro de 2018
Severin libertado
Todo dia quando acordo, eu tenho uma sensação de neutralidade. Não me sinto bem, não me sinto mal. Esse espaço de dormência descreve minha própria consciência, na medida em que não me encaixei ainda em nenhum contexto particular. É como então se existisse, sem saber exatemente o que isso significa. Como se existir fosse necessariamente um estado no qual nos colocamos.
Angustiado pela incerteza, começo a pensar no dia que passou, na vida que passou. Entretanto, faço esse procedimento de uma forma bastante peculiar: inicio a reconstruir minha consciência como se precisasse me proteger do que está por vir. O que lembro então desse dia, dessa vida não é o agradável, ou mesmo o indiferente, mas o que causa dor, preocupação, medo – aquilo para o que, enfim, tenho de me preparar.
É uma forma muito triste de começar o dia. E seguir com o dia. E estou tão cansado. São anos, décadas nesse estado latente de uma dor preparativa para um mal que não irá acontecer. Assim, há um tempo já, procuro mudar esse hábito, por mais custoso que me seja. Tento, de alguma forma, modular esses pensamentos, redirecioná-los, ressignificá-los. Tento entendê-los. Porque não quero me manter no conforto de uma dor que eu mesmo criei. A vida, por si só, é apenas a sensação de neutralidade que sinto ao acordar. O resto é todo eu. É todo meu.
Ao despertar agora, ao lembrar do dia que passou, da vida que passou, quero sorrir. Porque há por que sorrir. Há muito por que sorrir. Como se existir fosse necessariamente um estado no qual nos colocamos. E é.
Em 1870, Leopold von Sacher-Masoch publicou A Vênus de Peles, obra que ficaria famosa principalmente por conta da inspiração que traria a estudos de psiquiatria, quando o médico Richard von Krafft-Ebing cunhou o termo masoquismo, descrito Psychopathia Sexualis, de 1887. Sigmund Freud popularizaria ainda mais o tema, após incluí-lo em seus trabalhos.
A Vênus de Peles conta a história de Severin von Kusiemski, que se apaixona perdidamente por Wanda von Dunajew. Diante do seu fascínio, Severin pede a Wanda para ser seu escravo e a relação do dois se torna a manifestação da metáfora do martelo e da bigorna: o dominador e o dominado. Em cena clássica, Wanda veste peles de animais, enquanto maltrata seu amante.
Um dos pontos que mais se destaca na história é o prazer relatado por Severin por conta dessas experiências, contrastando o senso comum, que diz que a dor e o sofrimento são necessariamente indesejados. Foi essa aparente contradição que levou o texto para o estudo do comportamento sexual, ou mesmo de forma mais genérica, para descrever o prazer no sofrimento.
O que nem sempre é lembrado, entretanto, é o final da história, quando Wanda encontra um novo amante, de quem quer ser escrava. Severin chega a um ponto de sofrimento tão grande que seu desejo pela amada cessa.
Severin libertado.
Severin libertado.
domingo, 26 de agosto de 2018
E é.
Passos a caminho de um destino, ou sem destino
como se estar vivo fosse suficiente para seguir em frente
e é.
Com ressalvas, é claro; temores... mais pela incompreensão
porque não há o que compreender
como se estar vivo fosse suficiente para duvidar de (quase) tudo
e é.
"Para onde vai?" - olho surpreso; achava estar sozinho
"Não sei."
"Posso ir com você?"
Os passos ficaram curtos; o destino, um afago
porque não há o que compreender
como se estar vivo fosse suficiente para sorrir
e é.
"Achei que fosse caminhar só, correr só, e devagar só"
"Posso ir com você?"
como se estar vivo fosse suficiente para dizer sim
como se dizer sim fosse suficiente para querer
e é.
Porque alguém irá comigo
como se isso fosse suficiente para ser feliz
e é.
como se estar vivo fosse suficiente para seguir em frente
e é.
Com ressalvas, é claro; temores... mais pela incompreensão
porque não há o que compreender
como se estar vivo fosse suficiente para duvidar de (quase) tudo
e é.
"Para onde vai?" - olho surpreso; achava estar sozinho
"Não sei."
"Posso ir com você?"
Os passos ficaram curtos; o destino, um afago
porque não há o que compreender
como se estar vivo fosse suficiente para sorrir
e é.
"Achei que fosse caminhar só, correr só, e devagar só"
"Posso ir com você?"
como se estar vivo fosse suficiente para dizer sim
como se dizer sim fosse suficiente para querer
e é.
Porque alguém irá comigo
como se isso fosse suficiente para ser feliz
e é.
sábado, 18 de agosto de 2018
Do outro lado da rua
Do outro lado da rua ela espera
há tanto tempo ela espera
sem perceber
Fechou os portões
e disse:
aqui não entra mais ninguém
e ninguém nunca saiu
Do outro lado da rua ela pensa
que pode vislumbrar melhor
ou pelo menos observar melhor
ninguém vai sair
Já passaram muitos
variadas formas
variados tempos
mas algo não muda jamais
Do outro lado da rua ela espera
que o dia seja mais bonito
ou menos doído
Por isso fechou os portões
os trancou:
aqui ninguém mais entra
então como ele entrou?
Do outro lado da rua ela pensa
que a espera chegou ao fim
Minha querida...
a espera mal começou.
há tanto tempo ela espera
sem perceber
Fechou os portões
e disse:
aqui não entra mais ninguém
e ninguém nunca saiu
Do outro lado da rua ela pensa
que pode vislumbrar melhor
ou pelo menos observar melhor
ninguém vai sair
Já passaram muitos
variadas formas
variados tempos
mas algo não muda jamais
Do outro lado da rua ela espera
que o dia seja mais bonito
ou menos doído
Por isso fechou os portões
os trancou:
aqui ninguém mais entra
então como ele entrou?
Do outro lado da rua ela pensa
que a espera chegou ao fim
Minha querida...
a espera mal começou.
sábado, 11 de agosto de 2018
Eu digo sim
Estou chorando. Meus olhos doem: de cansaço, de desespero. Porque estou chorando. Começou há alguns dias. Eu sei que ando sentindo muito. E tenho tentado entender o que aperta o meu peito. Há coisas que estão aqui há muito tempo; que, de tempos em tempos, voltam. Mas há coisas novas também. Eu contei um pouco para você. Dividi minhas angústias. Mas hoje eu chorei muito. Tanto. Como já não fazia há muito tempo. Pensei que fosse o mesmo medo: mais intenso, ou mais confuso. E inventei uma história em minha cabeça. Bolei o enredo e, por ele, chorei.
Quando você estava aqui, deixei meus sentimentos escaparem. De um modo tímido, covarde. Eu disse que estou apaixonado, mas que, ainda assim, poderia viver bem sem você. Que aceitaria o seu não, a sua partida; como um episódio a mais, entre tantos outros. Falei que o que importava era o momento. E eu tinha razão. É o momento que importa. Mas também não tinha razão: porque sua partida faz diferença. Dói. Eu choro porque você não está aqui. E choro porque você está aqui.
Eu busquei hoje informações sobre visto. E cheguei à conclusão que a resposta mais simples e segura seria casamento. Para que você pudesse viajar comigo; estar comigo. Então comecei a pensar em como seria esse dia. O dia em que diria sim para mim. E esse pensamento me pareceu tão bonito. E tão possível. Me veio o desejo de ver suas fotos e o choro retornou – forte, incessante. Percebi naquele momento que não era apenas um arranjo burocrático: eu realmente quero casar você.
Há muitos anos eu desisti dessa ideia. Não era mais parte de mim. Eu arranquei qualquer traço de entrega, de promessa, de amor. E me assusta muito. Imaginar que eu poderia voltar novamente àquele lugar – vulnerável, delicado, inseguro.
Eu não sei o que vai suceder. E não sei o que está sentindo. Nem sei ao certo se irei aguentar essa leva de sentimentos, essa leva de amor, que há tanto não vivia. Mas o que importa é o momento. E, nesse momento, eu diria sim. Eu diria sim. Eu digo sim: para mim e para você. Eu digo sim.
terça-feira, 7 de agosto de 2018
No meio
Estou preso no meio,
na divisa, na fronteira.
Pertenço ao lugar de onde vim
e ao lugar para onde irei,
mas estou preso aqui.
Posso olhar para trás,
ver o caminho,
lembrar e saber
exatamente onde errei,
mas não posso mudá-lo.
Posso olhar para frente,
ver mil caminhos,
vislumbrar e saber
exatamente aonde darão,
mas não posso tomá-los.
Porque estou preso no meio.
Não faz sentido, eu sei,
essa prisão.
Essa cri-a-ção...
Essa cre-a-ção...
Mas tampouco faz sentido
que não estou,
que apenas sou.
----------------------------------------------------------
Quando eu era adolescente, eu queria chupar o pau de um colega de sala. Talvez eu quisesse beijá-lo, abraçá-lo, mas, em minha cabeça, a cena que se repetia era a felação. Mas eu não tinha coragem de dizê-lho.
Então, depois de muito pensar, eu tive uma ideia. Eu peguei uma revista, recortei as letras e as usei para escrever um bilhete. Ali eu dizia exatamente isso: que eu queria chupar-lhe o pau.
Só que depois eu não tentei entregar-lhe o bilhete, ou deixá-lo entre seus pertences para que pudesse achá-lo. Acho que o rasguei pouco depois. Mais um de n desejos de então que não tive coragem de lutar para torná-lo verdade.
Nunca saberei como teria sido sentir a textura de seu pênis em meus lábios e gosto de sua porra em minha boca - mesmo se sucedesse hoje. Porque não sou o mesmo e ele não é o mesmo.
Nunca saberei como teria sido não sentir medo, não sentir vergonha. E isso dói. Quando lembro de tudo que poderia ter sido, não sei se tenho raiva, ou apenas tristeza. Sei apenas que dói - porque estou preso no meio.
sábado, 7 de julho de 2018
The phantom limb
I cut you, I slice you,
I amputate you.
I desiccate, manipulate, rearrange.
I do everything I can
to get rid of you.
And I do.
But you are still a part of me.
I lie, over and over again.
You are still a part of me.
Because you grow, you regenerate,
you are back again.
You were never gone.
I cut you, I slice you,
I amputate you.
Again, and again, and again.
But I still feel you,
cause you are still you,
and I am still me.
So we are still. Still.
I am alone, with a limb I do not want.
And I do.
Because you were never gone.
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