Enquanto cresci, imaginei que certos eventos só aconteceriam mais para o final de minha vida. Que só os testemunharia quando talvez já não influenciassem tanto os meus caminhos. O casamento entre dois homens era um deles. Os acontecimentos dos últimos dias mostraram que eu estava errado.
Por um lado, os novos rumos trazem um ar de esperança. Como se fosse possível finalmente planejar coisas que antes eram apenas sonhadas: ter uma família, por exemplo. Não que família seja apenas um fenômeno jurídico, ou mesmo que seja boa por si só. Mas apenas tornou-se algo um pouco mais próximo, um pouco mais possível, ainda que ponderável.
Por outro lado, vejo que as mudanças ainda não são substanciais, ou se o são, estarão sempre a acontecer. Haverá sempre algo a ser reinvidicado, um plano a ser traçado, uma nova etapa a cumprir. Não que isso seja ruim, mas apenas nada extraordinário.
No fundo, eu sinto apenas um grande golpe. O escudo social que eu me dera foi finalmente arrancado de minhas mãos. Se antes tinha o Estado para culpar por minha eterna falha em construir família, agora já não o posso mais usar. Como um tapa na cara, está a me dizer que mais difícil do que esse imenso católico-protestante reconhecer a possibilidade de eu construir um lar sou eu, de fato, fazê-lo. Agora são meus sentimentos egoístas, meu temperamento destemperado, meu persistente impaciência, meus traumas e dramas e nóias que fazem com que eu seja sozinho: agora a culpa é minha.
Então, eu pego a me perguntar: qual será minha próxima desculpa? E volto a me questionar: do que afinal estou a me defender? Tudo parece tão fácil, e tão frágil, e tão sem sentido. E assim tenho a certeza de que meu mundo é assim. O grande golpe, por certo, é aquele que insisto em aplicar em mim.
Por um lado, os novos rumos trazem um ar de esperança. Como se fosse possível finalmente planejar coisas que antes eram apenas sonhadas: ter uma família, por exemplo. Não que família seja apenas um fenômeno jurídico, ou mesmo que seja boa por si só. Mas apenas tornou-se algo um pouco mais próximo, um pouco mais possível, ainda que ponderável.
Por outro lado, vejo que as mudanças ainda não são substanciais, ou se o são, estarão sempre a acontecer. Haverá sempre algo a ser reinvidicado, um plano a ser traçado, uma nova etapa a cumprir. Não que isso seja ruim, mas apenas nada extraordinário.
No fundo, eu sinto apenas um grande golpe. O escudo social que eu me dera foi finalmente arrancado de minhas mãos. Se antes tinha o Estado para culpar por minha eterna falha em construir família, agora já não o posso mais usar. Como um tapa na cara, está a me dizer que mais difícil do que esse imenso católico-protestante reconhecer a possibilidade de eu construir um lar sou eu, de fato, fazê-lo. Agora são meus sentimentos egoístas, meu temperamento destemperado, meu persistente impaciência, meus traumas e dramas e nóias que fazem com que eu seja sozinho: agora a culpa é minha.
Então, eu pego a me perguntar: qual será minha próxima desculpa? E volto a me questionar: do que afinal estou a me defender? Tudo parece tão fácil, e tão frágil, e tão sem sentido. E assim tenho a certeza de que meu mundo é assim. O grande golpe, por certo, é aquele que insisto em aplicar em mim.