sábado, 25 de setembro de 2010

III

No dia em que você se foi, eu sabia que era para sempre. Talvez essa certeza tenha me impulsinado de volta, e feito eu recuar novamente. Porque muitas coisas seriam para sempre. Você seria - para sempre - quem eu gostaria de ter ao lado. E - para sempre - eu não poderia tê-lo novamente.
Foi sobre isso que pensei enquanto voltava para casa. Sobre as coisas que perdi... É estranho. Porque não me deixava lembrar das coisas que havia ganhado: naquele instante, nada ganhado tinha. Agora você já não estava mais ali. E o para sempre foi mais concreto do que nunca.
Quando entrei no quarto, deparei-me com a carta de aceitação em cima da cama. Eu havia me esquecido. Havia esquecido que deveria começar a arrumar as malas, a empacotar os livros, a pensar sobre o que fazer com os móveis. Ela tinha tanto valor naquela manhã... agora, horas depois, tudo já não é o que era. E não só a carta, como tudo parecia não ser mais o que era; eu não ter mais o que tinha.
Então, naquela noite, eu dormi em uma cama que não era mais minha. E tive sonhos que sabia que já não eram mais meus.

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