Não há uma palavra. Não há forma de colocá-lo em uma frase. Ainda assim, é o que se pode tentar. É o que se necessita tentar. Eu, ao menos.
Li a mensagem de que estava na portaria. Eu estava na portaria. Então virei o rosto e vi ali em pé. Me olhou com uma expressão, como se eu fizera algo equivocado, que me comunicara mal. Eu me comunicara mal. Porque ele estava ali em pé, ao lado de alguém que eu conhecera. Tanto tempo fa.
Você me contou antes. Mas não era ele. Você me contou antes. E eu disse que estava tudo bem. Estava tudo bem, menos perder você. Como se o que tínhamos fosse algo raro. Foi raro, até que já não foi mais.
Então não foi o engano que construí nesta noite. Não foi o haver ou não haver. Talvez nem mesmo o imaginar haver ou não haver. Foi o não ser mais raro. Foi ver o laço se dissolver ali, enquanto testemunhava não apenas a dor que traíra, mas a desilusão de achar que seria possível.
Não é isso, eu sei. Não há uma palavra. Não há forma de colocá-lo em uma frase. Ainda assim, é o que se pode tentar. É o que se necessita tentar. Eu, ao menos.