Eu diria sim. Quando chegasse ao meu lado e fizesse a pergunta, eu diria sim. Ainda que não acreditasse piamente. Ainda que tivesse todas as dúvidas. Eu diria sim.
Não foi surpresa. Quando eles chegaram e o vi pelo vidro da porta, não havia nada mais o que fazer: eu já era seu. Foi surpresa. Porque não esperava que aquele menino franzino virasse esse homem. Esse rapaz que me faria sonhar novamente.
Então os dois entraram e eu me perdi outra vez. Eu não teria combinado nada, não teria desejado nada, se soubesse que iria me apaixonar. E me meter nesse enrolo - que foi bom, foi bom: um sofrimento prazeroso. Fingir que era Alexandre e seus dois maridos, ainda que a um só de verdade amasse. Ou os amasse de formas distintas. Porque tinha um por conta do outro.
Eu sabia que não duraria. Mas tampouco sabia que o fim estava tão próximo. Eu achei que eu poderia conquistar algo. Que algo nele se transformaria, se moldaria, para que ali eu pudesse permanecer por algum momento. Não muito longo. Não tão à vontade. Mas que aceitasse um pouco de meu coração.
Eu deveria dizer sim. Eu deveria aceitar o punhado do [quase] amor que ele me ofertara. A possibilidade de tê-lo ao meu lado. De ter alguém que eu desejo tanto. Por quem eu faria tanta coisa - quanta coisa? E pensei a respeito. Pensei em arriscar um passo mais. Mesmo sabendo, ou não sabendo, do fim que me aguardava.
Então lhe perguntei. [Fingi que] abri meu peito e desnudo em sua frente, disse o que não podia mais conter. E pedi que não fosse apenas até onde a camisa impusesse limite. Pedi que, mesmo não sendo meu lugar, ele me dissesse que sim. Mas ele disse que não. Ele disse não, mas eu.... eu diria sim.