[Eu não quero ser enterrado;
não quero um túmulo para lembrar que existi
(tão triste necessitá-lo para tal!);
e não quero que a língua suja da igreja
fale a respeito desse evento.]
Não acredito que a vida seja uma dádiva
(mas certamente também não a vejo como um farto;
pelo menos, não a todos).
Por isso penso ser tão triste que ao suicídio
não seja dado mais respeito.
Creio que um dia meu super-ego não mais
tirará minha liberdade de escolha.
Não sei o que acontecerá nesse dia:
Septimus ou Clarissa.
Porque é a liberdade o que mais almejo:
cessar os medos que me inibem a cada instante do dia.
Daí meu fascínio com a morte
(esse presente que a vida nos deu),
e ainda maior com a morte planejada
(esse presente que a vida pode nos dar).
Então é possível que um dia eu me vá,
por algum motivo que pareça sem importância;
mas só o faria se encontrasse a mais bela felicidade:
a de (não) poder decidir.
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