Estou preso no meio,
na divisa, na fronteira.
Pertenço ao lugar de onde vim
e ao lugar para onde irei,
mas estou preso aqui.
Posso olhar para trás,
ver o caminho,
lembrar e saber
exatamente onde errei,
mas não posso mudá-lo.
Posso olhar para frente,
ver mil caminhos,
vislumbrar e saber
exatamente aonde darão,
mas não posso tomá-los.
Porque estou preso no meio.
Não faz sentido, eu sei,
essa prisão.
Essa cri-a-ção...
Essa cre-a-ção...
Mas tampouco faz sentido
que não estou,
que apenas sou.
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Quando eu era adolescente, eu queria chupar o pau de um colega de sala. Talvez eu quisesse beijá-lo, abraçá-lo, mas, em minha cabeça, a cena que se repetia era a felação. Mas eu não tinha coragem de dizê-lho.
Então, depois de muito pensar, eu tive uma ideia. Eu peguei uma revista, recortei as letras e as usei para escrever um bilhete. Ali eu dizia exatamente isso: que eu queria chupar-lhe o pau.
Só que depois eu não tentei entregar-lhe o bilhete, ou deixá-lo entre seus pertences para que pudesse achá-lo. Acho que o rasguei pouco depois. Mais um de n desejos de então que não tive coragem de lutar para torná-lo verdade.
Nunca saberei como teria sido sentir a textura de seu pênis em meus lábios e gosto de sua porra em minha boca - mesmo se sucedesse hoje. Porque não sou o mesmo e ele não é o mesmo.
Nunca saberei como teria sido não sentir medo, não sentir vergonha. E isso dói. Quando lembro de tudo que poderia ter sido, não sei se tenho raiva, ou apenas tristeza. Sei apenas que dói - porque estou preso no meio.
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