sábado, 2 de novembro de 2013

O destino do mundo dos homens

Quando cheguei ao barco, ele me abraçou. Era belo. E me senti instantaneamente atraído. Ainda assim, não continuei o abraço. É muito cedo! - pensei. 

Intentei então inventar paquera. Compor amor. Perguntei seu nome; onde vivia. E quais os sonhos imaginava jamais conseguir realizar. E ele ficou sem graça. Ou enfadado. E levantou rapidamente do assento ao meu lado.

Partiu para outra. E outra. E pensei que talvez já não era meu lugar. Não havia mais sinais. Mas, mesmo assim, insisti em soletrar afeto. Então aguardei. E aguardei. E planejei. E aguardei. E, ao final da noite, quando o barco ancorava na costa novamente, já éramos amizade.

Mas não amor. E deixei que me tornasse menos. Que fizesse por menos. Na esperança de que, em algum momento, ele viesse a me procurar. Quando dei por mim, já não sobrava nada. E ele não estava aqui.

Então me perguntei sobre o destino do mundo dos homens. Porque eu já era homem. Já havia falado o que não podia. E desejado ardentemente. E queimado no quarto, enquanto ele queimava  na cozinha.



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